sábado, 28 de fevereiro de 2009

Buraco negro: como a web devora a História

27/02/09

Acadêmicos, pesquisadores e até mesmo estudiosos da história do beisebol perceberam recentemente o desaparecimento de alguns arquivos de jornais mais antigos até há pouco disponíveis na Web.

Os problemas surgiram depois que a PaperofRecord.com, uma coleção de mais de 20 milhões de páginas de jornais que variam do Toronto Star a periódicos de aldeias mexicanas, passando por publicações de Perth, Austrália, se fundiu ao Google News Archive.

O problema, descobriram os pesquisadores, é que o Google encontrou dificuldades para reformatar as imagens dos jornais e adquirir os direitos de exibição do conteúdo de algumas das publicações mais antigas, e por isso bloqueou, ao menos temporariamente, o acesso a alguns dos arquivos.

Existe uma visão idealizada da Web como uma espécie de armazém geral do conhecimento humano, e no sentido da amplitude daquilo que se pode descobrir com uma busca aleatória no Google, isso é verdade.

Mas apesar de toda essa abertura, a Web provou ser um receptáculo ineficiente para a preservação histórica, e boa parte do tesouro que ela abriga fica perdido em um labirinto de páginas de Web alteradas, links quebrados e sites eliminados.

O diretor da British Library recentemente alertou em artigo para o jornal Observer que, se essa memória digital não for reparada, corremos o risco de "criar um buraco negro para os futuros historiadores e escritores".

Os arquivos do Sporting News, conhecido como "a bíblia do beisebol" e fundado em 1886, estão entre as publicações que caíram vítima da transição da PaperofRecord.com ao controle do Google. Alguns jornais mexicanos antigos também estão indisponíveis, se queixam os acadêmicos.

Preservar a História na Web é difícil até mesmo para o Google, cuja missão declarada é a de "organizar a informação do mundo e torná-la universalmente acessível e útil".

"Estamos fazendo o melhor que podemos para encontrar uma solução que inclua o máximo possível do conteúdo adquirido", disse um porta-voz do Google sobre a transição do arquivo de jornais.

Mas à medida que proporção cada vez maior de nossa memória coletiva ganha abrigo online, cresce o perigo de que percamos o conteúdo e contexto de eventos acontecidos até mesmo há poucos dias, quanto mais há semanas, meses ou décadas.

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